Inflação acumulada é menor para os mais pobres

Em um ano, comida ficou mais barata para famílias de baixa renda

Uma análise do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgada nesta terça-feira (17) revela que o recuo nos preços de alimentos e bebidas tem impactado de maneira positiva o poder de compra das famílias de baixa renda nos últimos 12 meses, em contraste com os lares de renda média e alta. O estudo faz parte do Indicador de Inflação por Faixa de Renda do Ipea.

Enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou uma inflação de 5,19%, as famílias com renda muito baixa enfrentaram uma inflação de 3,9%. No caso das famílias de renda baixa, a inflação foi de 4,45%.

De acordo com o indicador do Ipea, são consideradas famílias de renda muito baixa aquelas que recebem até R$ 2.015 por mês. As famílias de renda baixa se enquadram na faixa de R$ 2.015 a R$ 3.022.

Por outro lado, as famílias de rendas média-alta e alta experimentaram uma inflação acumulada em 12 meses de 5,95% e 6,41%, respectivamente. As famílias de renda média-alta recebem entre R$ 10.075 e R$ 20.151, enquanto as de renda alta têm rendimentos acima de R$ 20.151.

O custo dos alimentos desempenhou um papel significativo na redução da inflação, tanto ao longo dos últimos 12 meses quanto no mês de setembro. O preço dos alimentos diminuiu pelo quarto mês consecutivo, aliviando o orçamento das famílias de baixa renda.

Em setembro, a queda nos preços foi impulsionada por itens como feijão (-7,6%), farinha de trigo (-3,3%), batata (-10,4%), carnes (-2,9%), aves e ovos (-1,7%), leite (-4,1%) e óleo de soja (-1,2%).

A pesquisadora do Ipea, Maria Andreia Parente Lameiras, observou que esse alívio é mais significativo para as famílias de baixa renda devido ao peso desses itens em suas cestas de consumo. Em outras palavras, as famílias de menor poder aquisitivo gastam uma proporção maior de sua renda em alimentos do que as famílias mais ricas.

No que se refere aos gastos, no mês passado, os reajustes de 1% nas tarifas de energia elétrica e 2,8% na gasolina tornaram os grupos de habitação e transportes os principais responsáveis pela pressão inflacionária em todas as faixas de renda. No entanto, para as famílias de renda mais alta, além dos aumentos nos combustíveis, os aumentos de 13,5% nas passagens aéreas e de 4,6% nos transportes por aplicativo resultaram em uma inflação mais significativa no grupo de transportes, já que esses gastos representam uma parcela maior de seus orçamentos.

No acumulado dos últimos 12 meses, os itens que mais impactaram o orçamento de todas as famílias foram transportes (1,63%) e saúde e cuidados pessoais (1,10%). Nessa comparação, o grupo de renda muito baixa também sofreu menos impacto negativo do que o grupo de renda alta.

Enquanto o transporte apresentou uma inflação de 1,01% para o grupo de renda muito baixa, esse valor foi quase o dobro (1,94%) para o grupo de renda alta. Em relação à saúde e cuidados pessoais, os números foram de 1,01% e 1,26%, respectivamente.

Sinval silva para o Itay Notícias
Fonte: Denise Griesinger/Agência brasil
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

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