El Niño deve trazer boa safra para Tibagi

O cenário agrícola da região Sul do Brasil e de seus vizinhos Paraguai, Argentina e Uruguai está passando por uma virada significativa, após anos de desafios enfrentados devido à escassez de chuvas. Os prejuízos na produção de grãos, decorrentes da irregularidade na distribuição das chuvas, são agora substituídos por uma nova perspectiva, impulsionada pela chegada do fenômeno climático El Niño.

Nos últimos anos, o fenômeno climático La Niña impôs um clima de seca, causando impactos negativos na produção agrícola. No entanto, o El Niño está trazendo consigo uma mudança no panorama. Os prognósticos atuais indicam que o El Niño, já estabelecido, deverá se intensificar e persistir pelo menos até metade do próximo ano, trazendo consigo uma abundância de chuvas. No entanto, essa mudança traz junto um novo conjunto de preocupações, particularmente em relação à ocorrência de granizo e vendavais no estado do Paraná.

Heverly Morais, agrometeorologista do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), destaca que o El Niño altera os padrões de vento e aumenta a probabilidade de frentes frias, resultando em um aumento nas chuvas. No entanto, esse aumento na umidade também traz consigo um aumento nas chances de eventos climáticos extremos, como granizos e tempestades, representando um novo desafio para a agricultura.

A intensidade do El Niño ainda é incerta, conforme observa a especialista. Em 2018, por exemplo, o El Niño teve um impacto fraco no Paraná, resultando em chuvas abaixo da média. No entanto, em períodos anteriores de El Niño, como em 2015, a região experimentou chuvas acima da média.

Para a agricultura, a perspectiva de um período mais úmido é bem-vinda, mas as implicações precisam ser gerenciadas. A expectativa é que as chuvas sejam significativas durante a primavera e o verão, até o primeiro trimestre de 2024, com possíveis episódios de chuvas intensas e temporais severos. Reinaldo Kneib, meteorologista do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), alerta para a possibilidade de impacto nas culturas de verão.

Além disso, o El Niño também deve influenciar as condições climáticas no inverno, trazendo um período menos rigoroso em 2023. A previsão é que as chuvas comecem mais cedo do que o usual, o que pode beneficiar o plantio de grãos. A preocupação com geadas tardias, que afeta as culturas de inverno e o plantio de soja e milho, tende a diminuir com o fenômeno climático em ação.

Luiz Renato Lazinski, meteorologista, ressalta que, apesar dos benefícios da umidade, os produtores também precisam estar atentos aos possíveis desafios que ela traz, incluindo doenças nas lavouras e dificuldades na colheita devido ao excesso de chuva.

Nesse contexto de mudança climática, os produtores agrícolas devem se preparar para a nova safra de verão, tirando proveito das oportunidades que as chuvas trazem, mas também adotando medidas cautelares para enfrentar os desafios adicionais que acompanham esse cenário de mais chuvas.

Sinval Silva para o Itay Notícias

Fonte: Sistema FAEP

Foto: Jeferson M. Antunes/ /ASCOM Pref. Tibagi

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